domingo, 29 de junho de 2008

Teatro de Santa Isabel


A idéia de construir um teatro público no Recife foi do então presidente da província de Pernambuco, Francisco do Rego Barros, Barão, Visconde e depois Conde da Boa Vista.
Em 30 de abril de 1839, ele assinou a Lei número 74, autorizando a construção de um teatro público para a cidade.
A Província não dispunha, na época, de profissionais qualificados, como engenheiros e arquitetos, nem sequer pedreiros ou carpinteiros especializados. Os poucos engenheiros que existiam tinham formação militar.
Para viabilizar o seu projeto de Governo, Rego Barros promoveu a vinda de inúmeros profissionais europeus, engenheiros, matemáticos, técnicos e operários, entre eles, Louis Léger Vauthier, o engenheiro responsável pela execução do projeto do novo teatro, que chegou ao Recife, em setembro de 1840.
O primeiro projeto elaborado por Vauthier, cujo orçamento era de 400 contos, foi rejeitado devido ao seu alto custo. O projeto definitivo, estimado em 240 contos, foi aprovado em fevereiro de 1841, sendo as obras iniciadas no mês de abril. O local escolhido foi o então chamado Campo do Erário, onde só havia areia. Atualmente é a Praça da República.
Durante todo o período de construção era chamado de Teatro de Pernambuco. Só pouco antes da sua inauguração, em 18 de maio de 1850 o seu nome foi mudado para Teatro de Santa Isabel, em homenagem à Princesa Isabel, filha do Imperador Pedro II. A sugestão para a homenagem partiu do então governador da Província de Pernambuco, Hermeto Carneiro Leão. A peça apresentada no dia da inauguração foi O pajem d`Aljubarrata, do escritor português Mendes Leal.
O Teatro de Santa Isabel era a grande casa de espetáculos da cidade, lugar de divertimento, convivência social e também de exercício da cidadania. Segundo Joaquim Nabuco, foi no Santa Isabel que se ganhou a causa da Abolição, referindo-se a seus discursos e eventos lá realizados.
No século XIX, as companhias que se apresentavam no Teatro Santa Isabel eram, na sua maioria, administradas por empresários, que firmavam contratos por longas temporadas. O Teatro também recebia companhias líricas estrangeiras, entre as quais, a Companhia Lyrica Italiana G. Marinangelli, que apresentou a ópera La traviata, em 1858.
Em 1859, o Teatro recebeu seu mais ilustre convidado, o Imperador Pedro II, que visitando as províncias do Norte, passou seu aniversário no Recife e foi homenageado com um espetáculo de gala no Santa Isabel.
No dia 19 de setembro de 1869, o Teatro foi quase que totalmente destruído por um incêndio, que deixou de pé apenas as paredes laterais, o alpendre e o pórtico, sendo construído, em madeira, como uma substituição temporária, no Campo das Princesas, o Pavilhão Santa Isabel.
Foi uma grande perda, mas a sua reconstrução trouxe importantes modificações: a colocação de uma estrutura de ferro para suportar os camarotes, modificações na decoração e um prolongamento do corpo central do edifício, entre outras.
A orientação vinha de Louis Léger Vauthier, que mesmo estando em Paris, teve as suas recomendações respeitadas pelo engenheiro José Tibúrcio Pereira de Magalhães, responsável pelas obras de reconstrução do Teatro. O Santa Isabel foi reinaugurado no dia 16 de dezembro de 1876.
Em 1916, no governo de Manoel Borba, houve mais uma intervenção com a instalação de luz elétrica, reforma total da canalização de gás, substituição do pano de boca por um importado da Inglaterra e reparos gerais de conservação do prédio.
Em 1936, também houve novas reformas gerais, assim como as que foram feitas por ocasião do seu centenário, em 1950, quando era governador de Pernambuco, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, Moraes Rego, prefeito do Recife e Valdemar de Oliveira, o diretor do Teatro. O Santa Isabel pertenceu ora ao Estado ora ao Município. A partir de 1949, no entanto, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como propriedade da Prefeitura do Recife.
Houve ainda obras de restauração nos anos de 1970, 1977 e entre 1983 e 1985 inúmeros benefícios foram realizados no Santa Isabel.
Em 2000 foi iniciada uma outra reforma que exigiu intervenções para assegurar a preservação do prédio, retomar algumas feições originais, dar mais segurança aos seus freqüentadores e mais espaços e recursos para a realização dos espetáculos. Dessa última reforma, a Fundação Joaquim Nabuco participou, através do trabalho de técnicos do seu Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte - Laborarte

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

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